«Nunca saberei até que ponto ages com o coração ou apenas com a cabeça. Até que ponto te entregas ou apenas jogas. Até que ponto sentes e ages, ou apenas observas. E é por nunca ter sabido quem és, que um dia te conseguirei esquecer.»

É difícil começar do zero, pegar nas recordações e usá-las como tendas para nos abrigarmos do frio que se faz sentir fora do conforto de um coração quente onde habitamos. Não estou pronta, nem preparada para andar sozinha, não aceito, nem quero aceitar, mas vou esperar que a vida me indique, agora a mim, o caminho certo, sem receios que essa estrada nunca mais vá dar àqueles que amo.

as pessoas com cancro nunca deviam de ficar sozinhas, nem no ínicio, nem no longo meio e muito menos no fim, seja qual for o final de cada um.
lidar com o cancro é uma batalha diária, é preciso fazer um processo diário, arranjar força para os outros, para os próximos, para os próprios.
o cancro é um pequeno bicho que nos rouba o sorriso, a vontade, o medo.
uma pessoa com cancro nunca devia ser abandonada pela própria mãe, nunca. sabendo que elas se cansam, mas sempre nos disseram que elas ficariam lá para sempre.
abandonaste-me neste duro e difícil caminho. engoli cada grito, cada estalo, cada vez que te esqueceste que eu estava doente e só precisava de um abraço.
mas sabes, agora não preciso mais, sinto que a meta chegou ao fim, não sei se era este final que eu queria, mas é o que recebi, contigo ou sem ti, vencer ou perder, tanto faz.

preciso urgentemente de um abraço.

uns momentos odeio-te, outros só me apetece meter-te tudo o que desejas nas mãos so para te ver sorrir... afinal, quero-te perto ou não quero?

quem te ama, não te deixa ir embora.

ainda não estou em mim, acabou de explodir o mundo nas minhas mãos (...) quando eu cair em mim, tenho medo de me faltarem as forças para viver sem os melhores da minha vida.